Como fazer unhas para Guitarra Portuguesa – Parte 2

Tanto quanto sei, há duas principais vertentes de unhas para Guitarra Portuguesa, uma mais usada no Fado e Guitarra de Lisboa e outra mais usada no Fado e Guitarra de Coimbra. Vamos fazer uma análise às vantagens e desvantagens de cada forma, de forma a chegarmos à unha mais vantajosa para nós.

Qual a forma correta para a Unha?

Em Lisboa temos a unha retangular (ou quadrada): este tipo de unha, como ataca as cordas com um bico, dá mais recorte (definição) ao que tocamos, especialmente em passagens rápidas. Permite também muito mais facilmente mudar de corda e atacar “para fora” com o indicador. Como na Guitarra de Coimbra (no reportório mais tradicional, pelo menos) é raríssimo termos de o fazer (o próprio Carlos Paredes quase nunca o fazia), não temos tanta necessidade de ter um formato de unha que o facilite. Em Lisboa é muito comum fazê-lo, pelo que se a tua intenção é tocar mais ao estilo  de Lisboa não recomendo de todo o uso de unhas redondas. 


Em Coimbra temos as unhas com formato redondo: este tipo de unha permite um maior som em notas apoiadas e ter aquele estalo no ataque que torna o som do Carlos Paredes tão diferente de tudo o resto. Além disso permite uma maior velocidade a tocar certas peças de Coimbra, como por exemplo o início da Frustração de Carlos Paredes (apoiar aquelas notas com unhas de Lisboa não é fácil). Tem a desvantagem de ser muito mais difícil de tocar malhas de Lisboa (o Fado Mouraria, por exemplo, é um pesadelo com unhas redondas) e de ter muito mais ruído mecânico.

O formato que eu uso e recomendo é um formato híbrido, popularizado pelo Custódio Castelo, que é no fundo uma unha quadrangular de Lisboa mas com uma curva. Isto é, tem na mesma um bico onde ataca a corda mas a seguir tem uma curva. Podem encontrar este formato no seguinte link: https://bit.ly/2Gc58Ph

Quanto à curvatura da unha: o modelo híbrido e as de Coimbra são curvas, para assentar melhor nos dedos. As de Lisboa há quem as use retas (sem qualquer curvatura) e quem as tenha curvas. Na minha opinião a curva reduz a quantidade de ruído que certas passagens fazem (por exemplo a parte B da Canção, de Carlos Paredes) e foi umas das diferenças que notei quando mudei de uma unha quadrangular ao estilo de Lisboa para o formato híbrido.

Resumindo, tem sempre em consideração o tipo reportório que vais tocar e/ou aprender. Não faz muito sentido usares unhas de Coimbra se vais tocar sobretudo Fado de Lisboa, certo? Cada formato tem as suas vantagens e desvantagens, pelo que recomendo que experimentes os vários formatos e vejas a qual te adaptas melhor.

Como segurar a unha?

Já vi segurarem as unhas postiças de várias formas, mas para mim sem dúvida que a melhor é adesivo. Esqueçam os elásticos, como aqueles que vêm com as unhas de compra. Para além de irem afrouxando conforme tocamos, cortam a circulação dos dedos.

Conheço quem use velcro para segurar as unhas, o que me parece bastante prático se funcionar bem, mas confesso que nunca experimentei portanto não tenho uma opinião formada.

O melhor adesivo que podem adquirir é “Adesivo hipoalergénico microperfurado”. Procurem em farmácias, é transparente e tem uns furinhos. Não é necessário ter o dispensador tipo fita-cola, qualquer um do género vai servir. Para além de durar muito tempo, ou seja o mesmo adesivo dá para tocarem várias vezes sem problema, é perfeito para cortar sem tesoura nem dentes, basta puxar um pouco e, como é microperfurado, ele rasga. Assim por alto uma tira com 1 centímetro de largura que dê duas voltas ao dedo chega perfeitamente. Se fores iniciante, o adesivo vai durar-te um ou dois anos.

Agora que já temos material, forma e adesivo, só falta mesmo meter mão à obra e dar forma à unha. Vamos à terceira e última parte deste artigo para descobrir como.